A imagem de capa desta edição é da Catarina Machado.
Se é verdade que não conseguimos ensinar um computador a divagar, talvez valha a pena conhecer melhor este fenómeno que tem tanto de humano como de misterioso.
A partir do livro “Divagação Mental”, de Moshe Bar, partilho 7 factos curiosos:
Passamos 30 a 47% do tempo em que estamos acordados a divagar;
A divagação mental assenta no conteúdo que temos armazenado na memória, pelo que as crianças pequenas tendem a divagar menos;
À medida que consolidamos mais memórias, passamos mais tempo a divagar; entre os 9 e os 11 anos de idade, as crianças já passam cerca de 20 a 25% do tempo a fazê-lo;
A divagação só é interrompida para o cumprimento de tarefas e objetivos;
Quando divagamos, temos sobretudo três tipos de pensamentos: sobre o eu, sobre os outros e sobre o futuro;
Até há relativamente pouco tempo, a divagação mental era vista como um lapso da evolução; hoje em dia considera-se que ela é importante para o desenvolvimento da identidade, para a criatividade e para prever e simular situações futuras;
Não podemos começar nem interromper a divagação mental voluntariamente, mas podemos tentar influenciar o seu curso se antes de iniciarmos uma tarefa pouco exigente focarmos o pensamento no tema sobre o qual gostaríamos de divagar.
Atenção e Criatividade
No final de março saiu a minha entrevista ao podcast da Portugal Manual, uma rede de novos artesãos e artistas portugueses. Falámos sobre a ligação entre atenção e criatividade e explorámos algumas ideias práticas para gerir uma rotina de trabalho e lidar com bloqueios criativos ou ciclos de dispersão. Uma conversa que poderá interessar a pessoas que trabalham em áreas criativas ou que gostariam de explorar a sua criatividade.
Trabalhar nos anos 90
O regresso forçado aos escritórios, conjugado com expectativas de disponibilidade permanente fora do horário de trabalho, é uma receita para a exaustão cognitiva e emocional. Mas Chris Moody tem uma proposta: “Se as empresas querem que os colaboradores trabalhem como se estivéssemos nos anos 90, então eles deveriam trabalhar como se estivéssemos nos anos 90”. Um alerta importante para a necessidade de realinhar regras de comunicação perante o “novo normal”.
Tempestade e bonança
Ao contar a história de uma empresa, apetece às vezes recorrer ao antigo descritor de relações no Facebook: “É complicado”. O IKEA, cujas práticas de exploração intensiva da floresta foram recentemente expostas num documentário na RTP, abre agora as portas a empresas afetadas pelas cheias de Valência, para que possam retomar os negócios enquanto os seus espaços são reparados ou reconstruídos. Uma iniciativa não compensa a outra, obviamente, mas não deixa de ser uma ideia inspiradora.
Vida de escritório


2025 tem sido um ano de efemérides para as minhas séries favoritas sobre vida de escritório. Severance lançou uma (incrível) segunda temporada; The Office (versão americana) celebra 20 anos. Um pretexto tão bom como qualquer outro para saber mais sobre os seus bastidores.
📌 Ouvir uma entrevista com Ben Stiller sobre Severance (tem spoilers)
🖇️ Ouvir uma coletânea de entrevistas de arquivo com os atores de The Office
Hábitos de escrita
Hesitei muito em partilhar este vídeo: apesar de ilustrar várias práticas que defendo (criar barreiras às interrupções, trabalhar em blocos de tempo, deixar a mente divagar, cultivar um hobby) e algumas que acho bizarras mas fascinantes (ter exatamente 6 lápis afiados antes de começar a escrever), custa-me ouvir a parte final, em que Roald Dahl afirma que gostaria que as pessoas continuassem a ler os seus livros após a sua morte, e saber que, tantos anos depois, há quem os queira censurar.
Tangente
Em Nápoles abriu uma livraria organizada por emoções e eu não sei o que pensar. Útil ou redutor? Deixa a tua opinião nos comentários! 👇
Estas foram algumas das ideias que passaram pelos meus cadernos ao longo deste mês e que escolhi partilhar contigo.
Até maio! 👋
Por um lado, é marketing brilhante (senão não estaríamos aqui a falar duma livraria em Nápoles), por outro acho que é algo simplista, a maioria dos livros tem mistura de emoções. Pode ser útil para evitar surpresas, mas não sei se organizaria uma livraria inteira à volta disso. É também para isso que (ainda) existem bons livreiros.
Quando mencionaste a secção infantil, lembrei-me do Hoje sinto-me... da Madalena Moniz, que fala de emoções com imagens duma maneira muito bonita.
a ideia da livraria ser organizada por emoções é brilhante :o adorei a proposta de valor.